Dr. João Antonio Costa

Olá!

Bem vindo ao nosso blog. Aqui eu conto um pouco sobre minhas experiências dentro da Odontologia nos EUA e o Processo de Validação do Diploma de Odontologia nos EUA e minha jornada dentro da Boston University Henry M. Goldman School of Dental Medicine.

Espero que você aprenda bastante!

Distância

Distância

Eu acho que já comentei aqui no blog um episódio que aconteceu durante uma aula no meu último ano do ensino médio - antigo terceiro colegial. Nosso professor de matemática perguntou para os alunos quem gostaria de ser professor. Alguns poucos levantaram a mão, mas eu fiquei pensando comigo mesmo que se eu tomasse a decisão de me tornar professor eu gostaria de fazê-lo, mas em nível universitário. Eu não achava que tivesse paciência ou destreza para lidar com uma sala de aula cheia de alunos que não queriam estar ali. Mal eu sabia que dali alguns anos eu estaria trabalhando como professor substituto de ciências, para alunos de 10 a 14 anos. Confesso não ter sido uma das experiências mais fáceis que já tive, mas foi uma coisa interessante e que aprendi muito sobre o relacionamento entre professor/ aluno e professor/ pai de aluno.

Meus dias como professor Universitário nunca aconteceram, isso porque para partir para esta vereda eu precisaria me aprofundar dentro dos meandros de um Mestrado e Doutorado, mais o enveradamento dentro do meio político que esta atividade exige. Honestamente eu não saberia dizer que eu teria sido um bom professor, porque tem algumas coisas que eu vi e hoje vejo alguns professores passando que, sinceramente, é difícil engolir. Admiro muito quem tem este chamado e confesso dizendo que hoje em dia tenho excelentes modelos de professores que exibem aulas magistrais sem não terem o título de mestre ou doutor. Acho que o que vale muito neste momento é a dedicação e vontade real de ensinar.

Um destes modelos de professores é o professor de Dentística que tenho. O que ele tem de tempo, só de magistério, é quase o que eu tenho de vida. Além de se dedicar ao ensino há quase 50 anos ele, tambem, dedica tempo para atender pacientes em seu consultório e tem a habilidade de estar no topo de tudo o que tem de mais atual dentro da disciplina. Eu tive a oportunidade de ter tido algumas aulas com ele alguns anos atrás em cursos de Educação Continuada oferecidos pela Boston University e desde aquela época eu reconheci nele um sujeito que, não somente sabia como entregar a informação, dominava a técnica clínica e os materiais oferecidos no mercado.

Uma coisa que me deixou entusiasmado quando fui aceito no programa no ano passado foi saber que eu seria aluno dele. Poder aprender diretamente com ele seria uma oportunidade sem precedentes. De fato tem sido um grande privilégio poder aprender diretamente dele conceitos básicos de dentística que ha muito tempo ficaram para trás. No entanto, o que me chama muito a atenção sobre a sua personalidade é a distância que ele impõe dos alunos. Ele não sorri, não comprimenta com nada mais do que reconhecer sua presença com um leve balanço da cabeça, não interage com conversa aleatória ou se mostra disposto a se socializar. Suas respostas são curtas e suscintas. A impressão que eu tive inicialmente foi de que ele é uma pessoa calejada e não disposta a jogar conversa fora. A única vez que o vi interagir em conversa aleatória dentro do laboratório de Dentística foi com o professor de Odontopediatria - coincidentemente tambem brasileiro - e com alguns outros professores que estavam juntos naquele momento.

Eu não acho que seja qualquer problema se distanciar dos alunos para que não haja qualquer idéia de favoritismo. Acho que o que vale realmente é a competência que ele demonstra quando ele traz as informações para as aulas. Talvez a gente fique um pouco mal acostumado com a interação que a gente acabava tendo com nossos professores, tanto na época do colegial como dentro da Faculdade. Só para contextualizar, eu encontrei um outro professor que, como o de Dentística, também não interage, sorri ou socializa. A diferença é que ele é brasileiro. Eu não sei sele tem paralisia do musculo frontal ou tomou uma overdose de botox nos músculos faciais mas tirar qualquer reação dele é uma coisa quase impossível. A única interação que eu tive com ele foi quando ele avaliou alguns preparos para prótese removivel que eu fiz. Curiosamente ele me deu a orientação toda em português. E foi só. A gente aprende a manter a boca fechada e os ouvidos abertos, principamente quando a gente conversa em português por aqui, porque quanto menos a gente imagina vai ter alguém que vai te entender.

Um abraço e sucesso sempre!

Notas para o futuro

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De volta às aulas

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