Nos últimos dois anos, vivi uma das fases mais intensas e transformadoras da minha trajetória profissional. Ao decidir validar meu diploma de Odontologia nos Estados Unidos, mergulhei em um processo que vai muito além do acadêmico. Trata-se de redescobrir quem você é como profissional, como ser humano, e qual legado você quer deixar.

Após mais de quinze anos compartilhando minha trajetória como dentista brasileiro em busca do sonho americano, faço uma pausa para refletir sobre este caminho percorrido. O que começou como um espaço para desmentir mitos e orientar colegas, hoje se transforma em um ciclo que se encerra — mas não um ponto final. Neste texto, compartilho os aprendizados, desafios e planos para o futuro, incluindo a possibilidade de abrir novas portas para quem deseja viver a experiência da Odontologia nos Estados Unidos

                  Uma coisa difícil de encarar e que eu luto contra mim mesmo para não fazer besteira é ouvir gente que só reclama. Isso realmente me tira do sério e eu não consigo muito disfarçar. Se for alguém com quem eu tenha um pouco mais de proximidade eu até falo para parar de reclamar de uma forma um pouco mais abrupta e direta. Já quando eu não tenho essa proximidade e eu sei que o que eu vou falar pode trazer uma impressão errada de quem realmente eu sou, eu dou aquele sorriso amarelo e vou saindo devagar. Eu arrumo uma dor de barriga, alguém me chamando ou o telefone tocando no meu bolso.

Eu já comentei aqui no blog sobre a história de uma Dentista brasileira — a primeira que entrou em contato comigo — que certa vez apareceu do nada onde eu trabalhava pedindo para conversar comigo sobre como ela poderia trabalhar como Dentista nos Estados Unidos. Ela disse estar de passagem, visitando uma prima — se não me engano — e falou que estava “encantada” com tudo o que ela estava vendo e queria saber como ela poderia também trabalhar como dentista aqui nos Estados Unidos. Somente um detalhe: ela disse que não falava um “a” de inglês.

O que você estava fazendo na manhã do dia primeiro de maio de 1994? Naquele domingo eu estava indo para a Igreja e um dos membros comentou que o Ayrton Senna tinha sofrido um acidente durante a corrida. E na manhã do dia onze de setembro de 2001? Eu estava no consultório e recebi a ligação do meu pai que residia no exterior dizendo o que tinha acontecido. E na manhã do dia quinze de fevereiro de 2023? Eu estava trabalhando, terminando de atender um colega Dentista, indo até à recepção cumprimentar sua esposa quando recebi uma mensagem de email no meu celular. De relance eu vi de onde vinha e no assunto a palavra “Congratulations”.

Ao longo da vida, percebemos que muitas preocupações da época de estudante eram desnecessárias. O peso da ansiedade, as incertezas e até o medo de certas situações parecem perder o impacto com o tempo. Durante meu terceiro ano na faculdade, enfrentei desafios que, à época, pareciam insuperáveis, desde professores sádicos até reprovações inesperadas. No entanto, essas experiências, longe de me derrubarem, fortaleceram minha confiança e moldaram minha trajetória profissional. Aprendi que, diante das adversidades, há momentos para a resignação, outros para rir da situação e, às vezes, para enfrentar de frente. No fim, o que realmente importa é a forma como escolhemos encarar os desafios da vida.

No meio do ano de 2009 eu conheci uma Dentista Brasileira que tinha chegado ha pouco tempo no Cape. Ela era casada com um Dentista Americano que estava trabalhando na época no hospital da ilha de Marta’s Vineyard. Um casal novo, com um filho pequeno a tira colo e cheio de energia. A Dentista era graduada no Brasil e tinha passado ha pouco tempo na prova do NBDE parte I. Ela foi contratada para trabalhar conosco como Limited Licensed Dentist e pouco tempo depois de começar o trabalho ela foi aceita no programa Advanced Standing na Boston University.

Confesso não ter tido o resultado que eu esperava no primeiro exame que eu fiz aqui na BU. Foi um pouco decepcionante, mas muito melhor do que o primeiro que eu fiz no meu primeiro ano da faculdade em 1994. Acho que quase 30 anos depois, deu para amadurecer um pouco e entender a máxima aprendida - e nunca utilizada - ensinada pelo saudoso professor Homero Galvão: “Aula dada, aula estudada”. Ele ainda acrescentou “tarefa mínima” na época, porque eram tempos de colegial e fazer tarefa ainda era uma constante no meu dia a dia.

Vamos dizer que as atividades dentro do Advanced Standing Program (AS) não são assim tão difíceis. Talvez não tanto quanto estar com a matéria toda em dia. E olha… é matéria pra xuxu! Talvez a minha maior dificuldade por enquanto seja estar melhor ambientado dentro do laboratório de Prótese Total. Essa semana mesmo eu passei por uma situação onde eu fiquei feliz de sempre ter dado o crédito aos Técnicos de Laboratório com quem eu trabalhei. Eu me lembro do Cláudio, hoje Dentista, Joao e o mais recente, Thom.

No momento em que a gente recebe o e-mail dizendo que foi aceito em um concorrido programa em uma faculdade de Odontologia nos Estados Unidos, parece que o mundo para. Você olha para trás, lembra por tanta coisa que passou para chegar até aquele momento. Horas de estudo, incerteza, frustração, desespero por achar que não vai se lembrar nada na hora das provas necessárias para fazer a aplicação para os programas, horas deixadas de lado com a família para se dedicar na preparação de um bench test. Gente dizendo que você está velho ou imaturo para o programa. Muito mais razão para reclamar do que qualquer outra coisa ou ocasião.

Depois que a gente aprende a navegar dentro da Universidade a impressão que se tem é de que o mundo não é tão simples como se imaginava. O que parecia fácil é difícil e o que certamente se mostrava difícil se mostra quase impraticável. A nossa vivência dentro dos muros de uma Faculdade de Odontologia Norte Americana em nada se assemelha ao que experimentamos no Brasil. Claro que essa é a impressão de uma pessoa e que certamente não se reflete diretamente a todos os que passam pela mesma experiência. No entanto, creio que seja válida a idéia de mostrar algumas diferenças que venho encontrando no meu ingresso na clínica e, talvez, ajudar quem esteja buscando o mesmo caminho.

Talvez eu não estivesse tão nervoso ou ansioso pela cerimônia deste último final de semana como eu achava que estaria há cerca de um ano. Pouco antes de um ano atrás eu não imaginava o que o “White Coat Cerimony” significava. Para mim era algo que acontecesse ainda logo quando a gente ingressa no programa, coisa que aconteceria ainda nas primeiras semanas de aula.

Cartas de recomendação são um importante componente dentro do “pacote de aplicação” exigido por programas de Odontologia nos Estados Unidos. E o que são cartas de recomendação?
Como o próprio nome diz são cartas redigidas por terceiros que dão sustentação ao candidato que está em busca de uma posição dentro daquela instituição. Geralmente estas cartas não são pedidas para qualquer pessoa a quem o candidato julgue capaz de coloca-lo em um patamar de notoriedade. Geralmente é o contrário. O humilde candidato irá atrás de alguém de renome e respeito dentro do seu mundo acadêmico ou profissional que tenha um conhecimento do seu valor clínico e pessoal, que tenha trabalhado com ele por algum tempo e que seja capaz de oferecer sustentação e credibilidade para o candidato.

Vamos dizer que o ingresso dentro de uma Universidade Americana seja como a aplicação para uma vaga de trabalho. A grande diferença, no entanto, não está no que você irá receber como salário, mas o que será pago como tuition. Tuition é o nome que a gente dá para o valor pago pelo curso que a gente estå fazendo. Enquanto no Brasil a gente pergunta quanto vai custar por mês, aqui a gente já paga tudo adiantado pelo ano todo. Uma anuidade, por assim dizer. Mesmo que o salário esperado na entrevista de emprego nem sempre seja tão alto quanto a gente queira, pode ter certeza de que a tuition será bem maior do que a gente espera.

Eu preciso de um tempo para assimilar uma série de coisas que acontecem ao meu redor. Uma delas é entender que por mais que eu estude, me esforce e procure me ater a detalhes, não há nada que me faça entender os motivos porque eu não consiga ir bem em uma prova. Não tem. Quando eu me preparei para vir para Boston em período integral eu procurei fazer uma lavagem cerebral ou talvez uma auto-hipnose procurando colocar na minha cabeça que este seria a minha chance de me superar e mostrar para as pessoas que mesmo depois de uma certa idade é possivel alcançar a excelência em termos de nota.

"Em 2007, se você tivesse me perguntado onde eu estaria hoje, matricular-me no Programa Internacional de Dentista da Universidade de Boston não estaria no radar. Parecia impossível, de acordo com meu professor de Materiais Dentários. Mas aqui estou, vivendo uma sonho - ou não? A rotina em Boston é simples: escola, estudo, sono, repetição. No entanto, em meio à rotina, os momentos com a família me lembram do valor da jornada, percebo que os laços formados aqui serão perdidos. . Felicidades para a jornada que temos pela frente!"

Criar formas diferentes para se comunicar acaba sendo uma ferramenta muito útil quando necessitamos estender nossa habilidade de se relacionar com diferentes culturas. Uma coisa interessante que aconteceu comigo recentemente reflete muito bem a forma com que a gente lida com situações muitas vezes não muito agradáveis em um ambiente multicultural como o que existe em tantos ambientes acadêmicos aqui nos Estados Unidos.

Para os dentistas brasileiros que buscam uma mudança de vida e profissional para os Estados Unidos, a jornada começa com uma etapa crucial: a validação de seus Diplomas Odontológicos. O sonho americano acena, prometendo um mundo de oportunidades e avanços na área da odontologia. No entanto, este sonho depende significativamente de navegar pelas complexidades dos requisitos de certificação e licenciamento. Um desses pilares nesse processo é o sucesso no TOEFL - Test of English as a Foreign Language.

Para dentistas com formação fora dos EUA que desejam se especializar em cirurgia oral e maxilofacial (CTBMF) nos Estados Unidos, esta jornada pode ser desafiadora e ao mesmo tempo gratificante. Encontrar umn programa de residência em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (CTBMF) requer planejamento cuidadoso, dedicação e um  profundo entendimento de suas necessidades. Hoje examinaremos mais de perto os componentes importantes para dentistas internacionais que buscam ingressar em um programa de residência nos EUA. CTBMF inclui critérios de admissão, taxas de aceitação e os programas mais populares conhecidos por admitir dentistas treinados no exterior.   

Alguns temas são deixados de lado quando o assunto vai em direção a particularidades nem sempre abordadas em sites, perfis e páginas dedicadas à descrição do que significa exercer a Odontologia nos Estados Unidos. Enumeremos alguns pontos e tentaremos elucidar um pouco mais sobre algumas diferenças que encontrei nestes últimos anos aqui nos Estados Unidos.