Aula Dada, Aula Estudada

Confesso não ter tido o resultado que eu esperava no primeiro exame que eu fiz a semana passada. Foi um pouco decepcionante, mas muito melhor do que o primeiro que eu fiz no meu primeiro ano da faculdade em 1994. Acho que quase 30 anos depois, deu para amadurecer um pouco e entender a máxima aprendida - e nunca utilizada - ensinada pelo saudoso professor Homero Galvão: “Aula dada, aula estudada”. Ele ainda acrescentou “tarefa mínima” na época, porque eram tempos de colegial e fazer tarefa ainda era uma constante no meu dia a dia.

Há pouco tempo que eu descobri que a ordem “aula dada, aula estudada” foi criada pelo ja falecido professor Pierluigi Piazzi. A diferença entre o que ele cunhou e o que o Homero ensinou foi o final, porque o criador da frase acrescentou a palavra “hoje”. Aula dada, aula estudada hoje. (Se você tiver curiosidade para entender um pouco mais sobre o que ele fala sobre o assunto, voce pode encontrar algumas de suas palestras no YouTube. Vale a pena.)

Implementar essa disciplina na minha vida de volta à escola tem feito muita diferença na minha vida e, talvez, tivesse feito uma diferença ainda maior se eu tivesse usado quando eu fiz a faculdade na primeira vez.

Outra coisa interessante que ele fala é que existe uma grande diferença entre aluno e estudante. Ele diz que escolas tem muitos alunos e poucos estudantes. O aluno assiste a aula, está de corpo presente dentro da sala de aula, na frente do professor, olhando para ele e, quem sabe, entendendo o que ele esta falando. Isso quando mesmo de corpo presente a cabeça não está divagando em mundos desconhecidos, pensando na morte da bezerra ou qualquer outra bobagem da vida. O estudante geralmente não está na escola, mas em casa, sentado com papel e caneta na mão, revisando o que foi dado no dia e… escrevendo.

Em uma das suas palestras que eu assisti no YouTube - a primeira - ele fala um pouco de neurofisiologia e explica que o cerebelo é a area do cérebro onde a memória de longo prazo fica guardada. Tudo o que a gente aprende e que fica para sempre fica guardado ali, escrito, como se fosse escrito em pedra. Não sai mais da cabeça e não se esquece nunca mais. O exemplo que ele dá é andar de bicicleta.

No caso do estudo, ele diz que para se gravar o que se estuda, é preciso escrever. Papel e caneta na mão. Ele diz não ser possível estudar de maneira eficiente grifando, colorindo ou simplesmente lendo o assunto. É preciso escrever.

Eu tenho procurado aplicar esta metodologia na minha vida aqui na Boston University. Acho que tem sido bem proveitoso no sentido de estar renovando como uma nuvem da frente dos meus olhos e entendendo conceitos e princípios que eu achava saber, mas agora eu tenho certeza de que eu sei. Infelizmente a necessidade de exames de avaliação e provas mensais e bimestrais ainda se fazem necessário, mas é parte do jogo. Eu tenho procurado não pensar muito no assunto - ainda que seja quase impossível - mas se eu procurar focar no aprendizado e nas formas com que eu posso melhorar eu acho que tudo mais virá com o tempo; seja ter o traquejo para fazer a prova, guardar mais informação e ter um real aprendizado de vida.

Um dia de cada vez.

Um abraço e sucesso sempre!